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Maria Aline lança livro publicado pela Edise

O evento aconteceu no Museu da Gente Sergipana Gov. Marcelo Déda

21/10/2021


 

O anoitecer de quinta-feira, 21, foi de muita emoção no Museu da Gente Sergipana Gov. Marcelo Déda. A historiadora e escritora Maria Aline Matos de Oliveira lançou seu primeiro livro ‘Em busca da liberdade: memória do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe (1975-1979)’. 

No auditório da instituição, a autora reuniu personalidades que vivenciaram a ditadura civil militar instalada no Brasil em 1964. Pessoas que foram fontes para a construção da narrativa presente no livro, como Ana Maria Côrtes, Laura Marques, entre outras. 

Mulheres que fizeram parte do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe (MFPA) criado na década de 1970, a partir de uma contextualização mais ampla da luta nacional. 

O livro, produto da dissertação de Mestrado da escritora, foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe, tendo como Orientadora a Profª Dra. Célia Costa Cardoso. A professora, assim como o diretor Industrial da Segrase, Mílton Alves participaram da mesa redonda “Vozes da Liberdade”, que aconteceu antes da sessão de autógrafos. 

A Profª Dra. Célia Costa Cardoso destacou a produção da Universidade Federal de Sergipe, citando trabalhos importantes para a historiografia sergipana. “Temos excelentes trabalhos que tratam da ditadura civil-militar e que precisam ser lidos e divulgados, para que outros conhecam a história que foi vivida em nosso país”.   

Em sua fala, Maria Aline, contou um pouco do que trata o livro. “A obra conta com três capítulos, sendo o capítulo um – a voz feminina em ação no quadro repressivo da ditadura; o dois - o sol da liberdade, memória do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe e o capítulo três – do MFPA ao Conselho da Condição Feminina: “feminismo x feminista” no Movimento de Mulheres. No processo de pesquisa entrevistei para compor a publicação, ex.militantes do MFPA, Ana Soares de Sousa, Zelita Correia, Maria Elisa Cruz, Tereza Cristina Graça, Jackson Barreto, Ana Maria Côrtes, Enaide Azevedo (filha de Núbia Marques)”, relatou. 

O diretor Industrial da Segrase, Mílton Alves, emocionado, contou sua experiência de vida no período da ditadura civil-militar, quando foi perseguido e ressaltou a importância do trabalho de Maria Aline. “Eu já li seu livro algumas vezes, o tema me atrai pois me lembra fatos vividos por mim e meus companheiros, desejo que ele chegue a muito mais pessoas deste país”. 

Maria Aline convidou a militante Laura Marques para realizar a leitura da lista dos desaparecidos políticos do Brasil. “Neste momento, eu convido a todos os presentes para, juntos, repertimos o nome das pessoas que até hoje continuam desaparecidas, vamos emprestar nossa vozes à eles. Como um clamour pela justiça, que ainda não foi feita, e como um lembrete da importância da manutenção da democracia”, ressaltou a historiadora. Laura Marques citou alguns nomes e o público em coro dizia ‘presente’. 

Renata Pessoa cantou a música ‘O bêbado e o equilibrista’, de João Bosco e Aldir Blanc, interpretada por Elis Regina, em seu LP ‘Essa Mulher’, de 1979. A música era considerada o Hino da Anistia, em referência à lei que concedeu perdão aos perseguidos políticos e abriu caminho para o retorno da democracia no país.

Maria Aline Matos de Oliveira

Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe. Graduada em História pela mesma instituição. Atuou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Atuou como professora da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. É integrante do grupo de pesquisa: Poder, Cultura e Relações Sociais na História (CNPq-UFS) e desenvolve estudos nos seguintes temas: história das mulheres, história e memória e ditadura civil-militar no Brasil. É fundadora e CEO da Humanas Instituto de Assessoria Educacional, atuando como professora de metodologia em Programas de Mentoria Acadêmica em diversos estados no Brasil. 

Entenda o Movimento Feminino pela Anistia

Desde o golpe civil-militar de 1964 que as perseguições políticas se instalaram no país, supostamente para evitar a propagação dos perigos da “subversão”, corrupção e comunismo. O poder militar se instuticionalizava amparado em Leis repressivas como atos institucionais, Constituição de 1967, Lei da Imprensa e Lei de Segurança Nacional, entre outras. Em decorrência desse controle ocorreram exílios, prisões, assassinatos e desaparecimento de pessoas, provocando novas sensibilidades políticas em alguns grupos sociais como o das mulheres paulistas, comandadas por Therezinha de Godoy Zerbini, que a partir de 1975 começou a defender a paz, os direitos das mulheres e direcionou as propostas humanistas, para a criação do Movimento Feminino da Anistia, que lutava por uma “Anistia, ampla, geral e irrestrita”. Essas reivindicações foram propagadas através dos diversos comitês espalhados pelos centros urbanos do país. Entre eles o Comitê Feminino pela Anistia de Sergipe.